quarta-feira, abril 25, 2007

Feliz Aniversário

Na madrugada de 24 para 25 de Abril de 1974 começou "o tempo de mudança"!
Lembrar os militares que se sublevaram e os que morreram na guerra
Louvar os que lutaram contra a ditadura e que sofreram as torturas, exílios, a morte, entre outras agressões...
Mais um ano para evocarmos o dia que trouxe a esperança de um mundo novo...

Surpresa!

"Afinal" o Paulo "Nino Vieira" Portas venceu as directas no seu partido!
"Algo completamente impensável..."

segunda-feira, abril 09, 2007

O melhor português

No blog coexistência humorística (clicar no título), acerca de um comentário interessante acerca de um conceito "Ditadura Democrática", os seus dois comentadores entraram numa discussão que derivou para o confronto de aspectos da Constituição e opções políticas.
Opto por fazer o meu comentário ao post neste espaço por dificuldades técnicas que terei de suprir, escusando-me a comentar a divergência em redor da CRP.

A ideia de "ditadura democrática" enquanto conceito de legitimação de um poder autocrático por uma maioria que elegeu determinada força política encerra uma perversidade imensa.
Esta perversidade, visível na Madeira com a utilização do acto eleitoral, ganha contornos obscenos quando se discutem círculos uninominais, os quais retiram representatividade aos grupos políticos que não discutem maiorias, marginalizando-os, e transformando a sociedade política numa bipolaridade: direita-esquerda; liberalismo-socialismo...
Se a bipolaridade é nefasta, lembremos a guerra-fria, na sociedade contemporânea ocidental maior o grau de perversão quando se assistem em inflexões ideológicas (que por si são positivas - aproveitar o melhor e eliminar o pior de cada um) motivadas por interesses económico-político-partidários conducentes a uma amálgama indiferenciável. Neste caso, a bipolaridade reveste a subjectividade do bom contra o mau, empolando a existente antes da queda dos regimes ditos socialistas, mas a diferença é meramente pessoal - o líder.
Aqui, no líder, residirá sempre o problema de qualquer forma de organização política de um Estado. São estes indivíduos que, assumindo um poder político (cada vez mais ténue na sociedade ocidental pela marcha gloriosa do imperialismo económico - não gosto muito de utilizar este termo, mas é o adequado), divergem para a adaptação do país à sua ideia, à sua vontade, independentemente da vontade do povo, mas legitimado por este em acto eleitoral prévio.
Já vai longa a dissertação, pelo que interrompo para falar do Salazar.
A mim não me aflige que ele tenha sido vencedor de um concurso televisão estúpido. Aflige-me antes ser com dinheiros públicos que se promove um concurso público, que de antemão era previsível o desfecho, cujos pressupostos são tendenciosos e enganadores - escolher o melhor português (a qualificação de um indivíduo enquanto o expoente máximo de uma comunidade é estúpida, e mais estúpida se torna quando temos uma história de mais de 800 anos). Aflige-me a importância que se quer dar a um voto de militância (refiro que este tipo de voto é também o vigente para Álvaro Cunhal) mobilizado por alguns ressabiados que há trinta anos viram o seu status-quo ser derrubado pela jovial democracia (que depressa se esfumou e entrou em falência).
Entendo que este concurso deve ser tão valorizado como o "Dança Comigo", coisas tristes da televisão pública portuguesa.
Mas algo mais importante em relação à figura de Salazar convém dizer. A sociedade portuguesa carece de expiar o trauma causado pelo ditador-das-botas.
Acho que já passou o tempo suficiente para reconhecer que o indivíduo que durante vinte anos conseguiu o equilíbrio das contas públicas portuguesas - o seu grande feito, louvável - e consagrou um Estatuto do Trabalhador (bom ou mau, este diploma foi uma abordagem relevante em termos de direito do trabalho), restringiu direitos e liberdades ao povo, impulsionou uma guerra, uma censura, uma polícia política, um condicionamento industrial (responsável pela incapacidade das unidades económicas portuguesas enfrentarem, ainda hoje, um mercado concorrencial), uma política do espírito (orientada por um modernista - António Ferro - que impôs um gosto estético), uma aposta na não qualificação e na não formação das pessoas.
Mas é tudo passado, todos sabemos das virtudes e vicissitudes do Estado Novo, e temos de o lembrar e viver com ele, sem traumas.