quarta-feira, novembro 22, 2006

Do referendo...

Já repeti em diversas ocasiões a minha opinião acerca da figura do referendo.
Enquanto instrumento de democracia directa obviamente que é de salutar e primordial importância: determinada opção política ser sufragada "directa e universalmente" pelos cidadãos e, da opinião destes, estatuir e prosseguir com a decisão e arcar com as devidas consequências e responsabilidades.
Ora, a realidade política portuguesa assenta no parlamentarismo representativo, ou seja, periodicamente são sufragados os representantes dos portugueses para representarem os seus legítimos interesses no órgão de soberania Assembleia da República,
Assim, a figura do referendo, a meu ver, só tem sentido de utilização quando se trate de temáticas fracturantes, como a organização político-social.
Seria lógico sufragar em sede de referendo a adesão às então comunidades europeias, à União Económica e Monetária, à Constituição Europeia...
Agora referendar posições ético-morais sobre o aborto? Referendar um princípio consagrado na Constituição, a Regionalização? Isto representa falta de coragem política e desresponsabilização dos políticos eleitos democraticamente (assim se diz) pelo povo.
Assim, a utilização do referendo em Portugal não é mais do que uma fantochada com os inerentes encargos financeiros para os cidadãos que elegeram um bando de deputados, com maioria absiluta, para governarem o país em determinado sentido.
Em relação à actualidade "referendária" nacional, poderá ser questionado, em sede da teoria do crime, se a sociedade portuguesa entende como condenável a conduta da interrupção voluntária da gravidez?! E se sim, se a natureza do acto ilícito deverá ser punida do ponto de vista criminal ou contra-ordenacional? Mas, por exemplo, houve referendo para a despenalização do consumo de estupefacientes? Há quem concorde, há quem discorde, mas a decisão não foi tomada?
Realidades distintas, sim senhor, mas o princípio é o mesmo: a decisão de des/criminalização de determinada conduta é, e deverá ser sempre feita, num Estado de Direito Democrático, pelos órgãos representativos eleitos pelos cidadãos.

6 Comments:

At 4:43 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não poderia estar mais de acordo.

 
At 11:19 da tarde, Blogger botadeelastico said...

É pena é que os políticos se desresponsabilizem da tomada de decisões para as quais estão mandatados

 
At 8:04 da tarde, Blogger Rui Maio said...

e pensar que esta questão já podia estar resolvida há pelo menos 8 anos...

 
At 12:54 da tarde, Blogger botadeelastico said...

E sem ser preciso o referendo. Bastava DECIDIR, coisa que parece que ninguém quer...

 
At 6:30 da tarde, Anonymous Anónimo said...

e...o mais engraçado é k não houve mulher alguma a comentar...
continuam a abstrair se de 1assunto k "tb" lhes diz respeito, façam se ouvir aos fantoches k nos representam...para k de 1vez por todas acabe a falsa moralidade k perssiste há muito nesta sociedade...

 
At 11:47 da tarde, Blogger botadeelastico said...

Mas o que está em causa é o uso indevido do estatuto do referendo.
Em relação à questão concreta a referendar, a descriminalização do aborto, ainda não exprimi aqui a minha opinião favorável, a qual irei obviamente fazer.

 

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